quarta-feira, 20 de junho de 2012

...e ainda sobre máscaras.

30 Seconds to Mars é realmente bacana... bem mais sofisticado do que eu esperava... thumbs up pro Caju dessa vez.

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Eu bem que queria ter um Flickr (é assim que chama?). Mas eu precisaria de uma câmera bacana, talento pra fotografia e tempo vago... mas como não tenho nada disso, posto minhas fotinhas tiradas no celular de coisas que eu acho bonitas ou interessantes na rua. Então fica combinado assim: quando eu não tiver nada pra escrever, eu venho e posto alguma fotinha interessante editada com bastante contraste, porque eu gosto de contraste e de brincar com a luz, nem que seja através de editores de fotografias.

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Tava ontem conversando com uma amiga sobre como eu fico extremamente dócil quando estou muito estressado. É engraçado isso... tô lá eu "puto da cara", como dizem os Paulistas - eles dizem isso, não? -, e agindo como se fosse o ser mais dócil do universo... máscara, né? Mas pra quem? Pra fora? Não, não... pra dentro. É uma máscara pra mim mesmo. Funciona assim: eu me forço a uma tranquilidade que não me seria natural naquelas condições para evitar de me aborrecer muito profundamente... não por que eu tenha medo de explodir e perder o controle, mas porque eu sei que meu humor é MUITO pouco flexível e que se eu me permitir ficar REALMENTE PUTO com algo, aquele sentimento pesado vai permanecer comigo pelo resto do dia. E pra que estragar um dia inteiro se eu posso facilmente fingir pra mim mesmo por 10 minutos que tudo está bem, até que realmente esteja.
Há quem não entenda essa minha mania de achar que tudo está bem, ou que tudo termina bem... me tomam por otimista, quando não é nada disso. Eu de fato não sou otimista... nem pessimista (isso eu desisti de ser). Eu simplesmente acredito com sinceridade que o segredo da felicidade está numa certa indiferença. Não quanto a tudo, mas quanto ao que não é realmente importante.

É difícl de explicar... mas é fácil de entender. É mais ou menos como não me ocupar dos pequenos grãos de areia no chão, quando o que importa é retirar contêineres e coisas do tipo. Tudo isso, lógico, no campo metafórico...

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E essas 3 postagens seguidas? Terão sido um mero espasmo?

Ah, só pra me situar no tempo, daqui a uns anos: hoje é quarta feira, no meio do Rio +20... ponto facultativo de quarta a sexta... 5 dias sem preocupações com trabalho. Talvez isso explique o espasmo após 2 anos de silêncio no blog.

Sobre máscaras...


E falando em rascunhos... recaptulando minha tentativa de escrever uma peça... eu sabia exatamente onde queria chegar com os personagens principais... mas com um começo desses eu ia dar vários nós mentais até conseguir chegar no final da história. Nem cheguei a escrever muito mais, apesar de - na época - ter várias idéias sobre a hsitória. Abandonei sem mais.

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(Início de cena. No salão de festas. Marcos está tocando violão. André entra.)

André: Se preparando pra grande noite?
Marcos: Só praticando um pouco... a festa é em algumas horas.
André: Tenho certeza que você já sabe cada dedilhado de cor! Deve ter passado as duas últimas noites ensaiando cada nota mentalmente antes de dormir... (virando de costas para olhar pela janela) ... você se preocupa demais!
Marcos: (rindo) Três noites, meu amigo, três... estou nervoso, vou ter que tomar algumas pra criar coragem...
André: O palco é a tua droga, Marcos! Lá em cima você fica irreconhecível! Além do mais, você já devia saber que a insegurança torna a arte frígida.
Marcos: O palco é outra coisa! É outro mundo... aquilo não sou eu.
André: (voltando-se para Marcos) Sabe... você é quase tão bom ator quanto eu! Só falta aprender que "AQUILO" é que é você e que esse Marcos bonzinho E SÉRIO que todo mundo conhece é só o seu melhor personagem.
Marcos: Lá vem você com as suas teorias loucas de máscaras sociais e todo esse papo... o palco, meu amigo, esse sim é o mundo das máscaras. Você sabe que tá falando besteira, mas eu não estou com cabeça pra outra dessas discussões.
André: Tem razão, eu falei besteira. Esse é o seu PIOR personagem.
Marcos: (rindo) Tá bom, chega, você venceu! Eu paro. Já ensaiei o bastante... (guardando o violão enquanto fala.) 

(...)


(Leonardo Baldez - 19/12/2001)

"Vespertínia"

"As horas banharam com nova vida a clara imagem... mas com elas veio a noite, que
turvou as cores e espalhou sombra sob seu corpo sem estrelas" - Equidistantes (Leonardo Baldez)

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 Estava lendo agora os esboços da minha primeira e única tentativa de escrever um romance... - que não tem nada a ver com a citação acima - Era uma história fantasiosa deslocada para um tempo indefinido de reis e castelos, em que figuravam como personagens váaaaarios amigos, conhecidos e pessoas que fizeram parte da minha história até então. Uma aventura super clichê, despretensiosa, mas cheia de boas intenções literárias... não vou postar ela toda aqui até por que nunca passou de um rascunho com 5 capítulos de idéias não elaboradas... mas vai só um pedacinho pra ilustrar.
_Ilustrar?
_Hmmm... de certo modo. Esse blog está abandonado há 2 anos, então nada que se escreva aqui vai ter alguma repercussão. É só um teste pra ver se eu engreno e volto a postar alguma coisa com alguma regularidade razoavelmente aceitável. Blogs são, de fato, uma ótima via de escape, organizadora de pensamentos e, de certo modo, permitem um afastamento mental da realidade pra arejar a cabeça. Pois é esta a intenção desse blog: servir como parênteses à rotina e ar fresco para a mente.

******** Até onde lembro, ainda inédito...



Durante os dias de lua crescente Lago Brumal estava fria e sob mais névoa que de costume. O porto, no entanto, continuava cheio, com barcos chegando carregados à noite e trabalho de sobra para quem estivesse disposto a carregar muito peso nas costas. Era nos dias frios que os cardumes chegavam mais perto da praia, vindo buscar o calor da corrente quente que se estendia ao longo da faixa litorânea da cidade. Muitos estavam excitados com a passagem do cometa, alguns até atribuíam a fartura de peixes à boa sorte trazida pelo Únius, porém poucos pareciam dispostos a largar o trabalho para festejar a sua passagem, mesmo porque a névoa dificilmente os permitiria apreciar o fenômeno.
Mas não apenas de trabalho viviam os brumais. Naqueles dias de fartura os dois teatros da cidade ficavam lotados de gente à procura de distração e diversão. No teatro da Companhia das Rosas, eram encenadas tragédias e dramas românticos; do outro lado da praça central, no teatro da Companhia do Trevo, ficava o palco quase infame das comédias e sátiras. Os atores da Rosas eram adorados pelo povo e admirados pelos nobres brumais; os atores do Trevo eram freqüentemente ofendidos na rua por uma ou outra crítica mal recebida pelo público à realeza tão admirada, o que, contudo, não impedia que este teatro lotasse mais freqüentemente que o da companhia rival. 
_ Quem és tu, ó bela donzela? Serias um anjo que entrou pela janela? – diz Vítor, com uma mesura.
_ Me chamo Thaís, jovem poeta. E tu, quem és? – diz a atriz vestida de princesa.
_ Meu nome é Júlio, herdeiro de Longinesse. É um belíssimo reino, você conhece?
_ Mas é claro! É aquele reino que nos recusou ajuda durante a guerra! – Ela dá as costas para o jovem com os braços cruzados.
_ Meu pai estava muito confiante em vossa vitória triunfante. Vespertínia tem um exército capaz, mas nosso reino é de paz...
_ Mentira! O que seu pai queria era ver nosso exército enfraquecido para poder invadir nossas terras! – Diz, voltando-se com o dedo em riste apontado para ele.
_ Isso não é verdade. Duvidas da nossa amizade? Nossas leis só permitem a guerra para a defesa. Ficamos de mãos atadas, alteza.
_ A amizade do seu reino é muito sincera, não? Todos sabem que o seu pai tem uma enorme estima pela coroa de Vespertínia...
Ao dizer essa última linha a atriz faz uma pausa. Atrás do palco um jovem vestido como membro do Conselho Real é avisado pelos companheiros “É a sua deixa! Entre no palco!”. Num sobressalto ele irrompe o palco da Companhia do Trevo e tropeça no longo vestido da jovem atriz, caindo como um saco de batatas aos seus pés. Após um breve silêncio o público explode em gargalhadas. O jovem ator se levanta com os olhos vidrados de quem acaba de destruir a primeira entrada do vilão da peça.

(Leonardo Baldez - Março de 2004)